A noite escura me escondia por entre as sombras, o frio congelava as pontas dos meus dedos, estava tão frio. Eu caminhava rápido, a ponta de meu cachecol esvoaçava com o vento forte e o barulho da botas na neve já começava a me incomodar.
Não propriamente o barulho, mas sim a lembrança que aquele som me trazia, ah, aquele inverno havia sido o melhor de todos, poderia ter durado para sempre, mas ela foi embora.
Ah! Se eu pudesse voltar atrás faria tudo diferente, não deixaria ela partir, não daquela maneira naquele estado, eu... eu... eu...
“- Você quer voltar?”
Quem disse isso? Não tem ninguém na rua, eu devo estar imaginado coisas, afinal aconteceu tão distante daqui, ninguém sabe de nada...
“- Eu sei.”
Eu me virei procurando, parei no meio do caminho e procurei ouvi melhor, não tinha ninguém na rua aquela hora, estavam todos em volta da mesa se deliciando com o jantar no calor e segurança de suas casas. Mas mesmo assim parei e ouvi.
“- Estou aqui”
Então havia um homem de sobretudo negro atrás de mim, me virei para velo melhor as roupas dele pareciam as minhas, nada de espetacular.
“- Você quer voltar?”
Do que ele estava falando? Voltar para onde?
“-Voltar, disse que queria voltar não disse?”
Tudo ficava cada vez mais estranho, eu não fazia idéia do que ele estava falando, era melhor eu continuar andando.
“- Espere. O que você faria de diferente? O que você mudaria?”
Os olhos dele eram tão familiares, a figura como um todo era familiar, com certeza já havia visto aquelas roupas, pareciam as que eu usava no colegial, as que eu usava naquele inverno.
- O que está acontecendo?
“- Eu quero saber se quer voltar e fazer diferente”
- Fazer o que diferente? Não sei do que está falando, deve ter me confundindo com alguém, vou embora.
Depois de dizer isto eu tirei o cachecol do rosto para que ele visse e descobrisse que realmente estava me confundindo.
E ele fez o mesmo. Tirou o cachecol que cobria a maior parte do rosto e então eu vi, eu me vi.
Não como num espelho, eu estava mais novo como era antes. Estremeci.
“- Volte comigo, ou ao menos me diga o que fazer, por favor.”
Minhas pernas tremiam, fazia cinco anos desde o incidente e lá estava eu de frente a mim mesmo com as mesmas roupas daquele dia, daquele triste dia.
“- Por favor!”
Ele chorava, eu chorava diante de mim. Então entendi.
- Vamos, eu vou te ajudar.
Passei a mão sobre os seus ombros e com a outra no bolso, simplesmente voltamos.
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