sexta-feira, agosto 8

Caminhos cruzados

Era uma manhã escura, havia chovido durante a noite e agora fazia muito frio. Estava com suas luvas de couro marrom e seu cachecol de lã, mas isso não importava, não foi só o céu que chorou a noite...
Estava decidido o sofrimento acabaria hoje, a seringa com 50mg de carbonato de potássio estava em seu bolso esquerdo e não havia mais nada que de que precisava.
Caminhando por uma rua cercada de grandes carvalhos que formavam um grande arco sobre ela, ele viu que apesar de tudo era belo aquele maldito lugar.
Quando virou a esquina que ia em direção ao lago, ele viu algo que o surpreendeu de tal forma que parou no meio da rua estático. E foi na neblina que viu um sorriso tímido, como se disse-se que esta tudo bem, viu um casaco abrindo os braços que acenava como se ele fosse alguém, olhou para trás procurando alguém pra que aquela pessoa estivesse acenando, mas não havia ninguém, era com ele mesmo.
Como alguém desconhecido poderia sorrir para ele de tal forma que o encantasse que em um átimo de segundo poderia tirar de seu pensamento a decisão que a noite lhe trousse.
Que era essa estranha desconhecida, e como era bela mesmo com jaquetas enormes e um gorro azul como pompons? Que poder ela tinha que em um instante dominou meus pensamentos e sentimentos?
Mas estava decidido não existe alternativa, continuei caminhando em direção ao lago, um eu lugar que vivi momentos felizes e queria como minha ultima visão.
Ela estava caminhando em minha direção, e chegando me abraçou e disse em um sussurro:
- Acabou, esta tudo bem! Você sempre teve a mim, mas nunca me viu eu estava sempre lá vendo você através das sombras, hoje pedi um sinal aos céus: que me desse um motivo para não congelar no fundo do lago, minha vida esta acabada e mesmo que você diga que estou louca, eu quero te dize que te amo te amei todos os dias da minha vida em silencio, mas agora como nada resta, nada tenho a temer! Eu te amo...
Ela foi andando em direção ao lago, e eu estava lá atônito, pasmo como poderia alguém me amar?
Eu não poderia deixar que ela fizesse aquela monstruosidade com a própria vida. O que eu queria dizer iria fazer o mesmo há apenas alguns minutos. Mas algo havia mudado dentro de mim aquele sorrio...
Estava sem ação precisava impedi-la antes que fosse tarde então gritei que esperasse, não sabia o que diria depois. Ela se virou confusa me encarando e meio que gaguejando disse alto, sem reconhecer minha voz: “- Vamos tomar um café?”.
Que coisa mais idiota!
Mas novamente veio o sorriso e ela estava voltando em minha direção me deu a mão e disse:
- Vamos!

2 comentários:

Lari disse...

ADOREI!
Te apoio a alimentar esse blog sempre!

E por falar em café, vamos marcar um!

Unknown disse...

Gostei, principalmente depois da idéia do café... eu estava ficando tenso, daí relaxei... e ri, tímido e respeitoso, porque o assunto era sério... vi uma rua molhada e azul e fria da manhã, e o cheiro do café num local amarelo claro... senti todos os elementos e cores do pequeno conto... e, se estou usando muita reticência, é porque quero dizer coisas que não vou conseguir dizer, não todas, então.......